A exposição de artes visuais que esteve presente na Casa Clandestina durante o mês de março, tem seu encerramento nesta sexta (28)
Por: Inácio de Carvalho

Em meio a uma cortina de fitas metalizadas, ao som de Maria Bethânia, Alceu Valença e Lenine. Você é transportado ao ambiente imersivo da exposição “Poesia nas Estrelas: a arte entre um domingo e um fevereiro”, de Matheus Miguel @poesianasestrelas com a curadoria de Ayanne Sobral e Stênio Marcos no espaço Casa Clandestina. A primeira exposição do artista. Agora irei mostrar e contar como foi a exposição. Ela está espalhada em três áreas, as quais denominei por: “SAU-DA-DE”, “O sonho é o primeiro sentimento” e “Se você não me quiser, eu ainda tenho as ruas do Recife (e é como se eu te tivesse)”.
Iniciando com a sessão “SAU-DA-DE”, começamos a conhecer o autor e o que essa exposição quer nos conta. Nessa parte vemos fotos do artista criança, a exposição conta sua história através das obras. As fotos do artista criança, nos transportando para o seu passado, a essa saudade que está literalmente em frente a essas fotografias. Há uma obra que se destaca em meio a outras que batizei nessa sessão. SAU-DA-DE é aquela arte em que você se põe em frente e se fotografa, um sentimento tão lusofalante, e tão genuíno. Ao lado dela há um trecho de uma vídeo performance de Matheus com a obra.
Obra SAU-DA-DE 2022 de Matheus Miguel; Por: Inácio de Carvalho.
Ao seguir, imergimos a segunda parte da exposição “O sonho é o primeiro sentimento”, se na primeira o sentimento que predominou foi uma saudade, nesse é uma nostalgia. Ao lado direito inicia com dois quadros, um em homenagem à sua mãe e outro ao seu pai. E do outro lado obras que trazem ícones afetivos que despertam a nostalgia em nós. Minha percepção em meio a isso, foi quando estava flanando em meio a exposição, havia um tia e uma sobrinha parada apontando no quadro cada referência que reconhecia, se conectando diretamente com a obra. É interessante como você se encanta e se perde em meio a exposição a tantas referências e obras únicas que há ali.

1.Tia e sobrinha observando obra da exposição; 2. Obra a qual faz parte da exposição; Por: Inácio de Carvalho
A terceira parte da exposição “Se você não me quiser, eu ainda tenho as ruas do Recife (e é como se eu te tivesse)” é extremamente coesa. Do lado esquerdo as obras parecem ser todas uma coleção única e exclusiva, elas são extremamente coesas, é aquele estilo de obra artística que ou você compra todos, ou nenhum. Funciona cada obra sozinha, sim, porém quando ver em conjunto é outro nível de beleza. Ao o outro lado, a obras do artista de âmbito mais comercial e diferente estilos de trabalhos artísticos, nós temos uma obra central que é uma camisa com uma pintura de Maria Bethânia ( e na exposição e no instagram de Matheus tem foto dela segurando a obra), capas de singles dos cantores Joyce Alane e Gael Vilanova, e o poster do filme “Todo amor do mundo” de Caio Arruda.

Agora que já apresentei e mostrei um pouco da exposição, irei tecer comentários gerais da exposição e colocar alguns trechos de uma pequena entrevista que realizei com os curadores e o artista.

Ayanne Sobral e Stênio Marcos
P: Ayanne Sobral e Stênio Marcos como foi a escolha de Matheus Miguel para a realização dessa exposição?
R: A exposição “Poesia nas Estrelas: a arte entre um domingo e um fevereiro” marca um momento muito especial, a reabertura da Casa Clandestina. A casa precisou ser fechada temporariamente ano passado, em virtude de um arrombamento no antigo endereço. Então precisamos de um tempo para lidar com que aconteceu e de crescer e ampliar o espaço para receber mais pessoas. No momento que reabrimos nossas portas, ter Matheus Miguel foi uma alegria, trazer ele para cá, as suas obras, sua arte a sua poesia. Fez muito sentido ter ele agora nessa abertura para demonstrar no que sentimos e no que acreditamos na música, na literatura e na arte. Matheus expressa isso muito bem na sua arte.
P: Agora que a Clandestina está de casa nova, o que podemos esperar de novas exposições ?
R: Em breve nós vamos abrir uma seleção para artistas que desejem expor com a gente. Então, se você é artista e tem um acervo de obras e sente a vontade de expor aqui na Clandestina, segue a gente nas nossas redes sociais @umacasaclandestina , prepara seu portfólio e se inscreve, quem sabe você será a próxima pessoa a expor conosco. Nossa galeria é pensando para expor artistas que estão aqui pertinho da gente.
Matheus Miguel
P: Matheus, como foi o convite para realizar a exposição?
R: O convite veio em meados do segundo semestre do ano passado, me senti primeiramente realizado e muito ansioso de ver e dar um passeio em tudo aquilo que tinha feito.
P: Nas suas obras você registra muitos artistas, como é sua conexão com eles?
R: A minha conexão com eles é diária, é desde a infância. Eles me inspiram, é uma questão de identificação, manutenção e legado.
P: Qual é a sua relação com as artes? E seu processo criativo?
R: Minhas relações com as artes são muito abrangentes, eu me inspiro em situações cotidianas, vivências não tem uma ordem. Eu demoro um tempo no que quero passar, projetar, envolve muitas coisas.
P: Como foi realizar sua primeira exposição em Caruaru?
R: Realizar minha primeira exposição em Caruaru foi diferente, mas não foi assustador. Eu tenho muitos amigos na cidade, um apreço pela cultura da cidade de Caruaru. As coisas que envolvem e que brotam são tão bonitas. Acho tudo tão lindo que isso me causa um sentimento de felicidade.
Para encerrar essa matéria, a exposição traz inúmeros sentimentos à flor da pele. Matheus Miguel faz poesias visuais com suas pinturas, desenhos e esculturas. A curadoria e a forma como Ayanne Sobral e Stênio Marcos criaram uma narrativa e conexão com as obras foi magnífico. Os sigam nas redes sociais, até uma próxima exposição de arte.

Comments