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Eu Menti Pra Você

Atualizado: 23 de dez. de 2021

Montamos uma playlist para o Especial Mês da Mulher e falamos do porquê de algumas escolhas.

Nunca é fácil criar uma playlist. Muitos nomes e muitas músicas sempre ficam de fora, não tem jeito. Nesta playlist, nos esforçamos ao máximo para tentar reunir um grande número de artistas pernambucanas que usam da música para se expressar no mundo. Destas músicas, uma é especial para cada colaborada da nossa equipe, e elas falaram o porquê da escolha.


Hanna Aragão

Isabela Moraes lançou o álbum em maio de 2020, quando todos ainda estavam extasiados por causa da pandemia. A única coisa que eu e boa parte do mundo tínhamos em comum é a vontade que o apocalipse acabasse. E ai, Isabela entrega ao mundo um respiro de esperança. A primeira música do álbum, "Ao redor do sol", é um lembrete que isso é que viver ao redor do sol, trilhando e trilhando sem se perder. Já faz um ano que o fim do mundo começou, e em alguns lugares as coisas continuam as mesmas ou piores, mas seguimos brincando com a luz do arrebol, brilhando sem se esquecer.


Maria Clara Mendes

"A música é uma força que mexe com os sentidos e nos leva a uma viagem por memórias. Seja qual for à ocasião, escolher uma música é sempre um desafio: a chance de dizer alguma coisa. 'De sal & sol eu sou' me lembra o mar, o sol e o tempo que nos leva para bem longe. É uma música de proteção e coragem. É para ouvir com o corpo enquanto as horas passam. O mundo sangra, anda e desanda e a gente vai aprendendo junto."


Samara Torres

"A mulher mais importante da minha vida deixou o mundo carnal em 2014, depois de dois anos lutando com as impossibilidades da idade. Durante esse tempo, fiz o que ela fez comigo pelos 14 anos anteriores a isso. Dei comida, dei banho, dei remédio, dei amor, carinho, atenção, tempo. Dei minha alma por completo, que já era dela desde que sua mão tocou a barriga da minha mãe quando eu ainda não era eu. Minha vó não me deixou sozinha nesse mundo. Muito pelo contrário, ela permanece viva por meio de todos os ensinamentos em que ela me apresentou na maior naturalidade e paciência do mundo. Isso inclui sua fé e suas crenças. No plural. Presenciei missas matinais no domingo lá na Catedral de Caruaru, rezas de terço, hinos cantarolados enquanto fazia meus bolinhos de feijão, mesas brancas, conversas com o outro lado, velas acesas, imagens espalhadas por toda a casa. Eu sinceramente não sabia o que minha vó era, acho que nem ela sabia. Uma adolescente de 14 anos pouco iria se importar em questionar aquilo, guardei essa curiosidade por um bom tempo até começar a me interessar pelo candomblé cinco anos depois de sua transição para o espiritual. Vó, que tanto se mantinha silenciosa dentro e acima de mim, apenas observando, decidiu mostrar algo que estava na minha frente o tempo todo: no meio das imagens de santo que guardava no altar do seu quarto, encontrei uma imagem de Oxum brilhando. A Mãe do Amor me comprovou mais tarde a ligação entre as duas. Tudo fez sentido, seja o quintal de vó repleto de lírios e margaridas, o mel que nunca faltava no armário (ela era diabética!) e até mesmo as muitas (muitas mesmo) imagens de Nossa Senhora Aparecida. Mesmo que eu ainda não seja tão dedicada às doutrinas religiosas como vó, sinto o olhar da sua encantada me acompanhando e guiando entre as ruas conturbadas da vida. Outros encantados me seguem, uns possivelmente meus (Saluba, Nanã!), mas a maioria é de vó. Ela não me deixou sozinha e nunca vai deixar. Ela apareceu para mim em D'Oxum, cantada por Karynna Spinelli."

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