top of page
  • Foto do escritorRevista Spia

A tradição da palha do milho

Lisoneide Souza e a experiência das mãos que moldam e sustentam a arte da geração, da memória e da criatividade.


Por: Juliana Pinheiro



Mãos da artesã moldando a palha de milho. Foto: Juliana Pinheiro.



O Povoado da Pindoba, situado no interior do Agreste Pernambucano, compõe um dos mais de cinco povoados do município de Alagoinha-PE. Parte de uma importante fonte de renda para o desenvolvimento da área rural, a arte popular é produzida e comercializada pelos habitantes locais. O artesanato, majoritariamente feito por mulheres da região, é o centro da criatividade e das oportunidades da Pindoba.



Com peças originadas da palha de milho, o ofício de produção artesanal deu origem à Associação Comunitária de Agricultura e Artesanato da Pindoba, grupo conhecido como Pindoarte, no ano de 1992. O traçado em fibra natural, iniciado por uma das mais antigas moradoras da região, passou de geração para geração e deixou um legado que se mescla até hoje com os costumes da população pindobense.



Nascida e crescida na Pindoba, Lisoneide Souza é uma das artesãs da Pindoarte. Pedagoga, mãe e artesã, vive do artesanato a partir da confecção de bolsas de palha. Movida pela curiosidade à arte manual, aprendeu a desenvolver e aperfeiçoar as técnicas da profissão. Tudo começou quando tinha quatorze anos de idade, com o bordado. Incentivada por sua mãe, a prática do artesanato tornou-se parte da sua trajetória.



Foto de Lisoneide por: Juliana Pinheiro.



Com mais de quatro décadas dedicadas ao trabalho de artesã, Souza faz parte de uma história com enlaces delicados. Afinal, os traçados naturais feitos da palha de milho constroem uma caminhada sobre lutas, motivações, criatividade e orgulho. Em entrevista à Revista Spia, Lisoneide Souza explica como se dá o processo da colheita da matéria prima até a comercialização dos produtos artesanais. Além disso, fala também sobre as inspirações, montagem das peças, desafios, conquistas e da riqueza do artesanato local.



Confira a seguir, dois trechos da entrevista:



Juliana Pinheiro (JP): As peças produzidas, toda a arte manual daqui (Pindoba), possuem muitos detalhes, histórias e símbolos…, fora a própria técnica que marca essa prática. Pode nos falar um pouco sobre a riqueza, não só de detalhes, mas também da importância do artesanato local para a comunidade e para as pessoas de fora, que recebem e estão em contato com estes produtos?


Lisoneide Souza (LS): É uma riqueza muito grande para a comunidade e até mesmo lá fora. Através dessa produção, várias oficinas e trabalhos foram levados para outros lugares. E assim, é uma riqueza. É o nosso “carro-chefe”. Vem de geração em geração, e a comunidade já tentou outros tipos de artesanato, mas o que sustenta mesmo é aquele feito da palha de milho. Nós temos várias experiências. A Associação foi criada a partir das nossas reuniões em escolas. É através dela que temos viajado, ido para o exterior, para feiras livres, para a Fenearte — uma feira mundial — e é muito importante para nós.


JP: Interessante como vocês, artesãs, conseguem ter uma dinâmica de interação umas com as outras. Aqui tem o incentivo, dentro da Associação, e vocês podem se acolher, ajudar e trocar práticas. Como é ver outras pessoas da comunidade inspirando-se e criando interesse pelo artesanato?


LS: Muitas pessoas acham bonito, é algo diferente. Com a palha de milho você consegue fazer uma bolsa, um chapéu, cintos, bonecas, flores. Alguns veem e não acreditam, então para nós é de grande valor quando alguém se interessa e podemos transmitir isso, passar a nossa experiência para outras pessoas.


Quer espiar mais? Confira a entrevista na íntegra no canal do Youtube da Revista Spia.









24 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page